9º Fórum TCE e Jurisdicionados: desenvolvimento social e educação caminham juntos, na avaliação do senador Cristovam Buarque

“Não há emprego sem educação”. É o que defende o senador da República e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, palestrante da conferência “Inovação e sustentabilidade na administração pública – educação de qualidade (ODS 4) e o desenvolvimento social”, realizada nesta quarta-feira, 19, durante o 9º Fórum TCE e Jurisdicionados. O evento ocorre deste terça-feira, 18, no Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – Hangar, em Belém.

Na conferência, o também educador explicou as razões para a educação de qualidade ser fundamental ao desenvolvimento de um país, os obstáculos que impedem o seu acesso por todos no Brasil e como superar tais desafios.

Na avaliação de Buarque, melhorias econômicas e sociais só nascem a partir da produção do conhecimento. A baixa renda per capita brasileira se justifica pela baixa produtividade, com origem na falta de conhecimento da mão-de-obra nacional pela má educação. “O principal fator de produção da economia, não é mais a terra e não é nem o capital. É o conhecimento”, completou o senador da República.

Entre os aspectos negativos que impedem o acesso à educação plena no Brasil está a falta de entendimento quanto ao seu papel de vetor do progresso, sendo considerada apenas um ”direito de todos”. “Se alguém não se educa, é como se estivesse abrindo mão de um direito dele. Mas, na verdade, quando uma pessoa faz isso, o país inteiro sai perdendo”, detalhou Cristovam, que afirmou também existirem sentimentos prejudiciais no Brasil, como o de não vocação para a intelectualidade e o complexo de inferioridade, capazes de afetar ainda mais o gosto pelos estudos por parte da população.

Há o preconceito das classes mais abastadas com os mais pobres, não se aceitando o convívio entre os diferentes, inclusive no ambiente escolar de qualidade, o que prejudica ainda mais o desenvolvimento social brasileiro.

No Brasil, seria possível também identificar certa fobia educacional daqueles que não apreciam estudar por conta da própria escola ser ruim. “Falta ainda a percepção dos jovens a respeito do quanto a escola pode melhorar a vida deles”, disse o ex-ministro, que defende o ensino médio de quatro anos, com o aprendizado de ofício técnico por parte dos estudantes.

Existiria o imediatismo brasileiro em tentar solucionar os problemas da educação em breve espaço de tempo, não se investindo na educação de base como fez a Coreia do Sul, por exemplo. Buarque aponta como aspectos negativos que contribuem para a má qualificação o comodismo dos que têm acesso à educação e a baixa remuneração dos professores.

“Precisamos nos indignar a respeito da educação no País e as suas desigualdades sociais”, declarou o palestrante. A indignação será o vetor da transformação do Brasil, na opinião de Cristovam Buarque, que propôs a substituição do modelo municipal de educação de base por um sistema nacional. Todas as escolas precisam ser federais e com autonomia de gestão, a ser de responsabilidade de professores, pais e comunidade. Todavia, para o senador, as mudanças só seriam consolidadas em um prazo de, no mínimo, 20 anos.

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